Escolas Participantes

.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Cultura da África do Sul



“Uma boa árvore é aquela que
se lembra da semente que a gerou”

Provérbio Africano


Cultura

A África do Sul é uma nação com muitas cores, línguas e tradições. A cultura do povo é altamente diversificada, muito devido à diversidade étnica. Além dos nativos africanos (79%), existe um grande número de descendentes de imigrantes europeus e asiáticos.

Devido à diversidade étnica do país, e cada grupo racial tem a sua própria identidade cultural. Isto pode ser apreciado nas diferenças na alimentação, na música e na dança entre os vários grupos. Há, no entanto, alguns traços unificadores.

A minoria branca tem um estilo de vida que é em muitos aspectos semelhante aos estilos de vida da Europa Ocidental, América do Norte e Australásia. A inimizade histórica entre os brancos de língua afrikaans e de língua inglesa deu lugar a gracejos puramente amigáveis.

Apesar de terem sofrido muita discriminação durante o apartheid, os mulatos tendem a relacionar-se mais com a cultura branca sul-africana do que com a negra, em particular a comunidade de língua afrikaans, cuja língua e crenças religiosas são semelhantes ou idênticas às dos bôeres brancos. Uma pequena minoria de "mulatos", conhecidos como malaios do Cabo, são muçulmanos.

Os asiáticos, predominantemente de origem indiana, preservam a sua própria herança cultural, línguas e crenças religiosas, professando ou o hinduísmo ou o islão sunita, e falando inglês, com línguas indianas como o Telugu ou o Gujarati a ser faladas com menos frequência.  Existe uma comunidade chinesa bastante mais pequena, se bem que o seu número tenha vindo a crescer devido á imigração de Taiwan. Uma vez que os taiwaneses eram classificados como brancos e não como asiáticos durante o apartheid, eles tendem a ser em muitos aspectos mais semelhantes aos brancos do que aos outros asiáticos.

Mitos:


DA CRIAÇÃO
BOSHONGO

No princípio havia somente a escuridão, a água e o grande deus, Bumba.
Um dia, por causa de uma terrível dor de estômago, Bumba vomitou o sol. O sol foi atingindo e sacando os lugares alagados e fez surgir a terra.
Mas Bumba ainda sentia muita dor e vomitou a lua e as estrelas.
E, como a dor insistia em continuar, Bumba vomitou alguns animais: o leopardo, o crocodilo, a tartaruga.
Por fim, ainda com um pouco de dor, Bumba vomitou alguns homens. Um deles era Yoko Lima, que era branco como Bumba.

IORUBÁ

No princípio havia só o céu acima, a água e o pântano abaixo. O deus chefe, Olorum, governava o céu, a deusa Olocum governava o que estava abaixo.

Uma vez, Obatalá, outro deus, incomodou-se com essa situação, e foi até Olorum pedir permissão para criar a terra seca para que todos os tipos de criaturas vivas pudessem habitar nela.

A permissão foi dada a ele. Mas, para saber exatamente como proceder, Obatalá ainda foi pedir conselho a Orunmilá, o filho mais velho de Olorum e deus da profecia.

Orunmilá disse que Obatalá tinha de levar consigo: uma corrente de ouro suficientemente longa para chegar até lá embaixo na terra, uma concha de um caracol cheia de areia; uma galinha branca; um gato preto; e uma noz de palma. Tudo isso Obatalá deveria carregar dentro de um saco.

Todos os deuses contribuíram com o que tinham de ouro, e Orunmilá forneceu os outros artigos que Obatalá deveria carregar dentro do saco. Quando tudo estava pronto, Obatalá pendurou a corrente em um canto do céu, colocou o saco sobre o ombro e começou a descer.
Chegando ao fim da corrente de ouro, Obatalá viu que faltava ainda certa distância do chão. Lá de cima ouviu Orunmilá instruí-lo a derramar a areia que estava na concha do caracol e libertar imediatamente a galinha branca.

Ele fez tudo como lhe foi recomendado. A galinha, assim que aterrissou na areia, começou a ciscar e a ciscar, espalhando areia para todos os lados.

Em todos os lugares onde a reia caiu, a terra ficou seca. Os montes maiores viraram colinas e os montes menores viraram vales. Obatalá saltou em um monte e nomeou o lugar de Ifé.

A terra seca estendia-se agora tão longe quanto seus olhos podiam ver. Ele escavou um buraco, plantou a noz de palma, e a viu crescer e ficar adulta num piscar de olhos.

A palmeira, cheia de frutos maduros, deixou cair mais nozes na terra, e cada nova semente cresceu imediatamente e ficou madura. Isso se repetiu e se repetiu. Agora havia alimentos e riquezas na terra.

Obatalá permaneceu na terra, tendo apenas o gato como companhia.
Muitos meses se passaram e ele foi ficando entediado com a rotina. Decidiu, então, criar outros seres, como ele mesmo, para ter companhia. Escavou na areia e encontrou, com facilidade, a argila para moldar as figuras que povoariam o lugar. Começou a trabalhar, mas ficou logo cansado e decidiu fazer uma parada para recuperar-se. Aproveitou para fazer vinho de uma palmeira e bebeu uma cabaça após outra, até fartar-se.

Não percebendo que estava bêbado, Obatalá retomou a tarefa de modar as novas criaturas. Mas, porque estava um tanto quanto tonto, fez muitas figuras imperfeitas e nem percebeu. Chamou Olorum para dar vida às suas criaturas. E só no dia seguinte percebeu o que tinha feito. Mas aí já era tarde e ele jurou nunca mais beber outra vez. E para cuidar daqueles que foram deformados, tornou-se o protetor deles.

As novas pessoas construíram cabanas para morar, como Obatalá tinha feito, e logo Ifé prossperou e se transformou numa cidade.

Todos os outros deuses estavam felizes com a criação de Obatalá e visitavam a terra frequentemente, à exceção de Olocum, aquela que antes governava tudo abaixo do céu.

Olocum não tinha sido consultada por Obatalá e ficou irritada que ele tivesse usurpado, com sua criação, uma boa parte de seu reino.

Obatalá retornou para sua casa no céu para uma visita de descanso. Então, Olocum convocou as grandes ondas dos vastos oceanos e mandou-as avançar e avançar através da terra. Na sucessão de ondas que provocou, a maior parte da terra ficou debaixo d”água e muitas pessoas morreram afogadas.

Aqueles que conseguiram fugir para os lugares mais altos, rogaram ao orixá Exu, que estava visitando a terra, que retornasse imediatamente ao céu para contar o que estava acontecendo.

Exu exigiu que fosse feito um sacrifício a Obatalá e a ele mesmo, antes de entregar a mensagem. Algumas cabras foram sacrificadas e Exu retornou ao céu.

Quando Orunmilá ouviu a notícia da enchente, desceu pela grande corrente de ouro que ia dar na terra e espalhou muitos feitiços que fizeram com que as águas da inundação recuassem e a terra seca reaparecesse. Terminou assim a grande inundação.

Olocum foi amarrada ao fundo do mar, com a grande corrente de ouro, usada para descer à terra. O mar agora é seu reino. Na companhia de uma nova gigantesca serpente marinha, que mostra a cabeça fora d'água na lua nova, ela é a rainha absoluta de todas as águas.

Mas o mundo sobre a terra continua a ser domínio de Obatalá.


A ORIGEM DA MORTE


Contam por aí que, em certa ocasião, a lua chamou a lebre e mandou-a levar o seguinte recado aos homens, na terra: “Assim como eu morro e volto a aparecer, a humanidade também morrerá e voltará a viver”.

Mas, em vez de levar exatamente esse recado, do jeitinho que a lua tinha pedido, a lebre, não se sabe se por esquecimento ou por malícia, quando chegou aonde estavam os homens disse:

A lua mandou dizer para vocês que da mesma forma como ela nasce e morre, assim também os homens nascerão e morrerão, simplesmente.

Quando a lebre voltou para perto da lua, esta logo quis saber se o recado havia sido dado tal qual ela havia recomendado. E a lua pôde, então, ouvir da boca da própria lebre as mesmas palavras que ouviram os homens.

Eu disse a eles que você tinha me mandado dizer que da mesma forma como você nasce e morre, assim também os homens nascerão e morrerão, simplesmente.

A lua ficou tão enfurecida com a falta de cuidado e a troca de palavras e de sentido feitas pela outra, que sua reação imediata foi passar a mão numa machadinha para rachar ao meio a cabeça oca da lebre. Mas ao desferir o golpe, em vez da cabeça, a machadinha atingiu o lábio superior da lebre, deixando nele um profundo talho. Daí para frente, a lebre ficou com essa rachadura na boca, que todo mundo chama de “boca de lebre”.

Por sua vez, a lebre, com o sangue fervendo pelo tratamento nada amável que recebera da amiga, levantou as garras e arranhou a cara da lua. E as manchas escuras que ainda hoje se veem na superfície da lua são as cicatrizes que ela guarda, de lembrança, desse episódio.

Artesanatos

Nenhum comentário: